segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Hidalgos e Caballeros

Hidalgos

Ser um fidalgo na Espanha do século XVI não chegava a ser um fato tão significativo quanto na França ou na Itália da mesma época. Recebiam título de “hidalgo” pessoas às quais interessava aos reis espanhóis retribuir por seu apoio político, militar ou financeiro ou simplesmente por terem muitos filhos homens para servir ao exército. Por parte dos agraciados com o título de fidalgo, interessava o fato de que este os desobrigava de pagar impostos sobre a posse de terra, entre outras vantagens. Num reino com um imenso exército permanente e em guerra há séculos, como no caso de Castela, não é surpreendente que tenham sido tantas as famílias de fidalgos. Mas foi na ascensão do império espanhol dos séculos XVI e XVII que esta orgulhosa pequena nobreza fez a diferença, ao se tornar a essência do oficialato da imbatível infantaria espanhola e mais fiel repositório de suas tradições militares. Isto foi ainda mais verdadeiro entre os vascos e seus descendentes, em verdade espanhóis de primeira hora, participantes de todas as ambiciosas empreitadas da aurora do Reino de Castela ao ocaso do Império. Se dizia que eram «a veces cortos de razones pero siempre largos de bolsa y espada». Foi nesse contexto histórico e nessa intríseca relação com a guerra e a conquista colonial que surgiram os fidalgos da famíla. Os Astete foram, sem dúvida, fidalgos modestos (mas não pobres) em Burgos, e foram realmente ricos em Valladolid. É citada a casa de Salamanca, mas não foi possível encontrar nenhum nome documentado. Os arquivos da Real Chancilleria registram que, em 1560, Alonso Astete, de Tudela de Duero, fez um “pleito de hidalguía” frente à “Sala de Hijosdalgo” de Valladolid, sendo o título a ele concedido. É citado que, ainda nesse ano, fez o mesmo Lorenzo Astete. Foram os primeiros “nobres” da família que se têm notícia.

Caballeros de Santiago

A Ordem Militar de Santiago foi, ao lado dos Cavaleiros da Calatrava e Alcântara, um dos grandes pilares de apoio da força bélica cristã na Espanha medieval, especialmente no caso da coroa sob os “Reis Católicos”. O título de “Caballero de Santiago” era inicialmente concedido a nobres de antiga origem, que se distinguiam pela bravura no combate ao mouros. A ordem era similar a outras do período medieval, como os Templários ou os Cavaleiros do Hospital, e foi quase tão poderosa quanto estas. No final do século XV, por pressão de dos reis Isabela e Fernando, o Papa passou a regência da ordem para a coroa da Espanha. Desde então, os títulos de “Caballero” passaram a ser distribuídos segundo o interesse político dos reis espanhóis. Permaneceu, no entanto, a exigência de se provar que o candidato a Cavaleiro de Santiago tinha “pureza de sangue”, ou seja, nunca tivesse vivido de trabalho braçal ou artesanal, nem mesmo bancário, uma possível barreira para que judeus e descendentes de mouros não pudessem se qualificar. As exigências de “pureza” de sangue se estendiam até aos quatro avós. Os “caballeros” eram identificados pela insígnia da cruz em forma de espada.

Detalhe da fachada do Monastério de San Marcos em León

Os Astete tiveram membros na Ordem de Santiago, na de Alcantara e na da Calatrava, sendo Andrés Astete y Zárate, de Lima (vice-reino do Peru) o último “caballero” conhecido da família, conforme documento de um processo de 1700 a 1705, arquivado no Consejo de Ordenes do Archivo Histórico Nacional da Espanha.


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