segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O Padre Astete

Natural de Coca de Alba, província de Salamanca, onde nasceu em 1537, Gaspar Astete foi, sem dúvida, o mais conhecido personagem da família. Segundo a historiadora portuguesa Maria de Lurdes Fernandes (da Universidade do Porto), entre outras fontes, começou sua vida monástica a 1 de Julho de 1555 e foi ordenado sacerdote em 1571. Foi professor de latim, ministro e mestre de noviços da Província de Castela, confessor e pregador, vice-reitor e reitor do colégio de Burgos e reitor do de Villímar. “São dados muito sumários, embora forneçam importantes indicadores do seu peso institucional e pastoral. Será, sobretudo, através das suas obras que poderemos tentar compreender o esforço pastoral deste jesuíta, nos importantes anos 90 do século XVI” (M.L. Fernandes - A disciplina do comportamento moral e social; Gaspar Astete e seu programa de formação da juventude cristã). Ao se referir às obras literárias do padre Astete, Fernandes está falando principalmente do célebre Catecismo de la Doctrina Cristiana escrito em 1566 (originalmente “Doctrina Cristina e documentos de Crianza”), obra que teve mais de 600 edições somente até o século XIX, em praticamente todas as línguas européias. Ao lado do catecismo do padre Ripalda, “el Astete”, como é chamado o livro do Padre Gaspar, foi o principal instrumento doutrinário popular da Contrareforma Católica (reação católica às críticas oriundas da Reforma Protestante) e da evangelização do novo mundo. O catecismo e outros livros do Padre Astete tratam da conduta social e moral dos fiéis católicos, em todos os seus papéis e situações sociais, principalmente na família. Foi claramente a principal síntese do que os católicos, principalmente de origem humilde, viriam a considerar como certo ou errado em termos de moral cristã antes do século XX, a ainda se vê sua influência nas tradições católicas ultraconservadoras, como na minoria (em meio ao predomínio protestante) dos Estados Unidos. Em suas obras, Gaspar Astete se preocupou em dar formato, entre outras coisas, ao papel dos pais e suas responsabilidades para com seus filhos, bem como dos deveres e dos ideais de bom comportamento e obediência dos filhos. A linguajem singela e clara acabou por cativar gerações de católicos. Foi um dos exemplos da firme vocação jesuíta para a educação, e um dos exemplos pioneiros de preocupação com uma educação cristã das crianças, baseada no respeito aos pais mas com grande ênfase no valor da gentileza, do comedimento e do altruismo. O Padre Astete faleceu em Burgos, em 1601, e está sepultado na Iglesia de San Lorenzo.

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