
Martin Estete
Martin Estete consta da relação de homens que teriam vindo para América com o fidalgo andaluz Diego de Nicuesa. Nicuesa empenhou todo seu prestígio para ser nomeado em 1506 governador da Tierra firme (ou Castilla del Oro, hoje o Panamá e a Nicarágua), para lá partindo por volta de 1509 numa expedição na qual investiu toda sua fortuna na contratação de navios e soldados. Após a morte de Nicuesa em 1511, Martin permaneceu na América Central, sendo recomendado pelo Rei Carlos I em 1524 para que recebesse cargo comissionado de Pedrarias D’Ávila, o temido novo governador da “Tierra firme”, de quem se tornaria braço direito. Em 1529 fez a exploração do rio Suerre, ao norte da Costa Rica, sendo duramente combatido pelos nativos locais. Em 1530, sob ordens de Pedro Arias D’Ávila (Pedrarias por contração e por menção à ganância do governador) sitiou a cidade de San Salvador, fiel ao governador Pedro Alvarado, com a finalidade de anexa-la à governação da Nicarágua. Foi então derrotado, após longos combates, por Luís Moscoso. Em 1534 já estava no Peru e foi responsável por fazer o plano de construção, arruamento e ocupação da recém fundada cidade de Trujillo, tornando-se possivelmente o primeiro “urbanista” da América do Sul. De fato, a diagramação urbana da cidade, ao mais clássico estilo do barroco espanhol, a distingue de outras cidades do Peru. Foi sub-governador em Trujillo até se transferir para Lima, com sua mulher Maria de Escobar. Faleceu em 1537 e não se conhecem descendentes da época.
Miguel Estete

Integrante da "missão diplomática" enviada por Francisco Pizarro, Miguel Estete acompanhou Hernando de Soto na visita que fez ao Inca Atahualpa, nos “baños” próximos a Cajamarca, da qual fez um famoso relato. Atahualpa veio a Cajamarca costurar um império que ameaçava se fragmentar, após a guerra civil pela sucessão do trono incaico com seu irmão Huáscar, da qual saiu vitorioso. Para lá não foram exércitos preparados para lutar, estavam presentes os líderes de várias tribos até então vassalas do Império Inca, e os espanhóis eram considerados apenas mais um grupo, do qual pouco se sabia. Cajamarca era uma cúpula diplomática. Com Huáscar capturado, interessava a Atahualpa oferecer a paz aos antigos aliados de seu irmão, e reforçar alianças de tribos com o poder de Cuzco. Francisco Pizarro se fizera anunciar como um emissário do rei castelhano e enviou tropas sob o comando de seu irmão Hernando, oferecendo apoio militar de seu grupo ao Inca. Convidado pelos espanhóis para um diálogo na praça central da cidade deserta, um excessivamente confiante Atahualpa compareceu com um séquito de nobres (os “Orejones”), deixando um exército de 30.000 soldados acampado fora da cidade. Foi em meio às discussões que os espanhóis atacaram de surpresa a comitiva real. Estete foi um dos que mais matou, atacando diretamente o grupo de Orejones que tentava proteger o Inca. Após chacinar vários nobres, atacou o próprio Atahualpa, lhe arrancando da cabeça a “Mascaipacha”, que era a insígnia real. Em seguida tentou mata-lo com golpe de sua espada, e teria conseguido se não fosse a intervenção pessoal de Pizarro, que ao impedi-lo teve a mão ferida. Atahualpa foi levado prisioneiro, e isto estimulou ambições de autonomia das tribos aliadas do antigo Império. Não sabiam que faltava pouco para também conhecerem a única lei espanhola no território de então: o fio da espada.
Estete não participou da execução do Inca. Em meio às intrigas de Francisco Pizarro contra Atahualpa (se dizia que este conspirava contra os espanhóis, preparando uma vingança assim que fosse pago seu resgate), acompanhou Hernando De Soto na patrulha que iria verificar se realmente se aproximavam tropas do império para atacar o local onde mantinham o Inca em cativeiro. Não encontrando nenhum exército, voltaram, para descobrir que Pizarro havia mandado garrotear o Inca, apesar do espetacular tesouro enviado de Cuzco. Recebeu desse resgate um montante de 362 marcos de prata e 3.980 pesos de ouro. A partir de então é visto, cada vez mais, aliado aos opositores de Pizarro. Ainda assim, acompanhou Hernando Pizarro ao assalto ao templo de Pachacámac, nas vizinhanças da atual Lima, em 15 de janeiro de 1533, voltando em maio dessa expedição com um riquíssimo butin e o cacique Calicuchima prisioneiro. Seu relato deste feito foi publicado só no século XX. Em 1534 acompanhou Diego Almagro para o norte e foi designado para escolher um local para a fundação de Trujillo. Miguel Estete participou em 1535 da conquista da cidade imperial do Cuzco e da exploração de seus tesouros. Quando eclodiu o conflito com os Pizarro, foi leal a Almagro e defendeu a autoridade de Hernando de Soto. Em meio às hostilidades, viajou à Espanha na esquadra que levava os tesouros da conquista bem como os relatos da mesma, entre os quais figurava uma relação escrita por ele descrevendo inúmeros aspectos sobre a flora e fauna do novo mundo, além de dados geográficos. Já acumulava uma riqueza de 28.000 pesos de ouro e 6.500 marcos de prata. Em 1537 estava de volta ao Peru, vivendo em Lima, e em 1539 ajudou a fundar Huamanga (Ayacucho). Conta-se que, em 1557, o Inca Sairi Tupac passou por Huamanga a caminho de Lima, atendendo a chamado das autoridades espanholas. Nessa ocasião encontrou-se com Estete que entregou a ele a “Mascaipacha” de Atahualpa, talvez tentando reparar sua antiga culpa. Sairi Tupac aceitou a oferta, mas não tinha motivos para ficar feliz, visto que Atahualpa fora inimigo de sua família nas guerras civis. Miguel Estete casou-se com Doña Beatriz de Guevara e viveu em Huamanga como cidadão respeitado até sua morte. Em 1574 sua filha, Isabel de Estete, ergueu em sua memória uma capela no Mosteiro de Santo Domingo. Apesar de ter tido, segundo relatos, muitos filhos, não há registro sobre os demais descendentes de Miguel Estete, e é provável que tenham adotado o sobrenome Astete com passar do tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário